Atualmente, o Centro de Inovação busca trabalhar com a indústria na cocriação de soluções que consigam, primeiramente, criar a cultura da prevenção e da identificação desses riscos, no caso, psicossociais, e, acima de tudo, trabalhar com as empresas o conhecimento do que vem a ser esses fatores no ambiente de trabalho e a identificação das potenciais intervenções e ações em nível de gestão de risco. Por meio de pesquisa aplicada, o Centro desenvolve ferramentas para a gestão de fatores psicossociais, criando soluções customizadas para as necessidades de cada indústria. O trabalho é realizado por meio de uma equipe de especialistas em saúde mental e parceria com instituições de referência nacionais e internacionais, como Harvard, Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, Universidade de Brasília e Federal do Rio Grande do Sul. “Trata-se de uma temática complexa, com fontes multicausais – vinculadas ao próprio indivíduo, ao ambiente à organização desse trabalho. Foi necessário desenvolver uma série de programas e projetos, que se transformassem em soluções para as indústrias, com a garantia de que houvesse a possibilidade de intervir nos diferentes níveis de prevenção. É poder trabalhar em ações que promovam a saúde e até mesmo rever os processos de gestão das empresas e capacitar especialmente as áreas de SST, RH e líderes na compreensão do que podem ser efetivamente fatores psicossociais – protetivos à saúde desse trabalhador, como também riscos”, informa Letícia.
O Fórum Econômico Mundial estima que os gastos relacionados a transtornos mentais e comportamentais podem chegar a US$ 6 trilhões no mundo até 2030 – já são a terceira causa de afastamento do ambiente laboral. Cerca de 90% dos brasileiros no mercado de trabalho lidam com algum grau de ansiedade e quase 50% com a depressão, segundo números da Internacional Stress Management Association (Isma). Em contrapartida, empresas que investem em saúde e segurança são mais competitivas e atingem melhores resultados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada um euro investido no tratamento de depressão e ansiedade, registram-se 4 euros de retorno em melhoria da saúde e capacidade para o trabalho.
Dados como esses, de diferentes instituições, mostram a necessidade de um olhar mais focado aos fatores psicossociais e seus reflexos na qualidade de vidas das pessoas, no desempenho do trabalho, na produtividade das indústrias e no consequente efeito na economia do País. Atentas a essa realidade, as indústrias se organizam e inovam. É o caso do Centro de Inovação Sesi em Fatores Psicossociais, localizado em Porto Alegre, que integra a rede nacional de centros de pesquisa aplicada do Serviço Social da Indústria, criada em 2017 para melhorar o ambiente de trabalho, a saúde e segurança dos profissionais e a produtividade das empresas.
“Hoje, o centro é um espaço reconhecido de referência nacional na discussão de fatores psicossociais nos ambientes laborais, não só por sua capacidade na disseminação de conhecimento pesquisado e gerado, mas pela capacidade de desenvolver junto à indústria brasileira ações e programas no enfrentamento e nas intervenções que auxiliem a indústria para efetivamente gerar gestão em fatores psicossociais”, explica a gerente do Centro, Letícia Lessa.
Gestress:
por meio de um aplicativo de autoconhecimento e autodesenvolvimento, promove a saúde emocional das lideranças. Gera indicadores de resultados que contribuem para a maior produtividade na empresa.
Valor Saúde:
uma calculadora que gera a razão custo-benefício que a empresa poderá obter a cada um real investido em iniciativas futuras em saúde e segurança e fatores psicossociais.
Assessoria Psicossocial:
por meio de uma ferramenta de realidade virtual, promove o atendimento psicossocial ao trabalhador. Desenvolve estratégias de intervenção na organização do trabalho junto com a empresa e apoia em fatores psicossociais.
Prevenção ao uso de drogas:
também por meio de uma ferramenta de realidade virtual, apoia as empresas na construção de um programa de prevenção ao uso de drogas. Inclui o desenvolvimento de lideranças na identificação e abordagem dos casos, além de orientar a empresa para o encaminhamento adequado de forma ética e sigilosa.
Psicoergo:
identifica riscos psicossociais, agrega valor à Análise Ergonômica do Trabalhado (AET) e atende aos requisitos do eSocial. Desenvolvido pelos profissionais do centro.
Saúde Total:
promove a gestão integrada das práticas de promoção da saúde e dos fatores psicossociais às políticas de saúde e segurança no trabalho da empresa.
Gestão em FPS:
promove a gestão dos fatores psicossociais, por meio da avaliação de riscos psicossociais e da criação de estratégias de intervenção.
Sono saudável:
por meio do uso de um actígrafo – equipamento de punho que mensura o ciclo circadiano, horas de sono, insônia, entre outros – identifica a qualidade de sono dos trabalhadores. A partir desses dados, propõe direcionamentos de ações de promoção da saúde, contribuindo para maior produtividade da empresa.
Além de contar com esses produtos, os profissionais do centro trabalham no desenvolvimento de soluções em cocriação com as empresas, de acordo com as necessidades de cada uma, levando em consideração fatores como porte, missão e estratégia.
Trabalho como promotor de saúde mental
É possível que você conheça alguém que, em função do trabalho, desenvolveu comportamento irritado e estressado, mas também pessoas que, por conta da atividade profissional se sentem felizes e motivadas. A psicóloga e consultora do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, um dos parceiros do Sesi-RS, Anna Tienhaara, destaca que o trabalho pode ser considerado um meio de promover a saúde mental entre as pessoas. “Se estamos trabalhando, isso já dá um sentido à vida em comparação à situação em que estaríamos sem trabalho, contra a nossa vontade. O desemprego causa sentimentos negativos para nossa saúde mental. Trabalhar, como ponto de partida, pode ser algo muito positivo para a saúde mental. Temos a oportunidade de conhecer e obter novas ideias. Saber que meu trabalho faz sentido, promove a minha saúde mental”, avalia Anna.
Foi em busca de uma contribuição nesse sentido que a Bruning Tecnometal, de Panambi, procurou o Sesi, depois de uma pesquisa de engajamento não satisfatória em 2014, quando foi traçado um plano estratégico para aumentar qualidade técnica, reduzir o absenteísmo, a rotatividade e os acidentes de trabalho. Inicialmente, por meio de um programa de qualidade de vida, esporte e lazer, e depois veio a proposta de um projeto-piloto de gestão de fatores psicossociais, por meio do Centro. “Com a gestão dos fatores psicossociais, resgatamos o sentido. O colaborador se sente dono, parte do ambiente. Mais aconchegado, ele sente que as coisas que ele faz no dia a dia, começam a fazer sentido e impactar não só na vida deles, mas na vida das pessoas fora da empresa. A parceria entre o Sesi e a Bruning só nos ajudou ainda mais nesse sentimento”, explica o supervisor de manutenção da Bruning, Jackson Rafael Weber.
Para a supervisora geral de recursos humanos da Bruning, Rafaela Albrecht, “a questão de fazer gestão dos fatores psicossociais alinhados ao modelo que o Sesi nos propôs, envolvendo os líderes, tem nos trazido um resultado satisfatório em termos de produtividade e na qualidade de vida dos funcionários. Junto com o aumento de faturamento entre 2017 e 2018, também tivemos elevação do engajamento, consequente redução de acidentes de trabalho, comparados com o número de funcionários que nós tínhamos no passado”, relata.
Ela informa que o desafio está só começando. “É um assunto relativamente novo. O projeto-piloto nos deu essa metodologia, a forma que precisamos atuar dentro de aspectos, mas ainda precisamos que isso seja muito mais incutido no dia a dia das lideranças, precisamos caminhar com os líderes, no fortalecimento desses conceitos. Nossos próximos passos são o fortalecimento e a contextualização ainda maior dos gestores nesse aspecto”, reflete Rafaela.
O Centro de Inovação Sesi em Fatores Psicossociais está ao lado de indústrias de todos os portes para trazer essas soluções.
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Publicado Terça-feira, 23 de Julho de 2019 - 16h16